sexta-feira, março 29, 2024
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Bolsonaro anuncia ‘auxílio-diesel’ de R$ 400 para caminhoneiros; categoria mantém paralisação em novembro

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira, 21, um auxílio para caminhoneiros no valor de R$ 400 para compensar a alta do preço do diesel. Ele não disse de onde vai tirar os recursos e nem deu detalhes de quando o benefício será pago. Segundo Bolsonaro, a medida contemplará mais de 750 mil estradeiros.

O anúncio foi feito em um evento realizado à tarde, em Pernambuco. Porém, somente em uma live realizada nas redes sociais, Bolsonaro informou o valor do auxílio. Serão os mesmos R$ 400 do Auxílio Brasil, programa social que substituirá o Bolsa Família. De acordo com o presidente, em 12 meses, o valor do auxílio-diesel somará R$ 3,6 bilhões.

Representantes de associações dizem que auxílio-diesel é esmola para a categoria

Algumas lideranças de caminhoneiros reagiram com insatisfação à proposta do governo sobre o auxílio-diesel. Carlos Alberto Litti, diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística), disse ao Poder 360 que o valor de R$ 400 anunciado por Bolsonaro não paga 100 litros de diesel.

“De tão ridícula que é essa proposta, mostra o total despreparo que é tratada a categoria. É um absurdo pensar que uma categoria de transportador autônomo, com todas suas dificuldades, possa compreender uma proposta tão insignificante que, em vez de tratar a causa, quer tratar o efeito colateral dela. Não é o auxílio que vai resolver o problema da política de preços equivocada da Petrobras”, comentou Litti.

Já para José Roberto Stringasci, presidente da Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), o auxílio é mais um ‘tapinha nas costas’ do governo aos caminhoneiros.

“Eles já fizeram até um reajuste no piso mínimo de frete. Mas isso, como se diz no nosso linguajar de motorista, é um ‘melzinho na chupeta’, o famoso ‘tapinha nas costas’ que a categoria já vem levando desde 2018”, disse à Folha de S. Paulo.

Veja mais: ANTT divulga novo piso mínimo de frete com reajuste de até 6%

Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), entende como uma ‘piada de mau gosto’ o anúncio feito pelo presidente.

No evento em Pernambuco, Bolsonaro não disse se o valor oferecido no auxílio-diesel era muito ou pouco, mas que era o possível no momento.

Promessa de paralisação mantida

Se a ideia do auxílio-diesel era amenizar as chances de paralisação da categoria em 1º de novembro, não parece ter surtido muito efeito para as associações dos caminhoneiros, que manteve a promessa de parar nos próximos dias.

“Queremos algo concreto, não cortina de fumaça. A classe já deu 15 dias para o governo trazer algo concreto, mas isso não veio. Agradecemos pela piada do presidente, mas estamos num trabalho de unificação das pautas da categoria e a paralisação para o dia 1 de novembro está mantida, seguimos com a mobilização”, comentou Chorão ao Estadão.

Saiba mais sobre a possível paralisação de caminhoneiros em novembro

Além da Abrava, este é o mesmo posicionamento de entidades como a CNTTL e o CNRTC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas). 

Protestos já ocorrem em alguns pontos

Em alguns locais do Brasil, já foi possível registrar alguns protestos de caminhoneiros. Na quinta-feira, 21, tanqueiros pararam os serviços no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

De acordo com o UOL, na região de Campos Elíseos, no Rio de Janeiro, motoristas bloquearam o acesso de outros caminhões nas bases de abastecimento. Já em Minas Gerais, todos os tanqueiros pararam de rodar.

“Cem por cento da categoria de transporte de combustíveis e derivados de petróleo do estado de Minas Gerais amanheceu hoje com os braços cruzados, pois nós não aguentamos mais as altas dos combustíveis”, disse Irani Gomes, presidente do SindTaque-MG (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais).

O protesto foi em função do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado nos combustíveis no estado e das altas dos combustíveis na Petrobras. 

O governo não acredita que a paralisação se concretizará em novembro, visto as várias tentativas anteriores de greves e de baixas adesões desde maio de 2018. No entanto, vale destacar que o clima de insatisfação vem crescendo nos últimos meses e um número maior de entidades afirma ser a favor das paralisações desta vez.

Auxílios fora do teto de gastos geram pedidos de demissão no governo

Também na quinta-feira, quatro secretários do Ministério da Economia pediram demissão de seus cargos alegando motivos pessoais. Bruno Funchal, Jeferson Bittencourt, Gildenora Dantas e Rafael Araújo comandavam a área fiscal do ministério, setor ligado com os gastos públicos.

Os pedidos de demissão acontecem logo após o governo bancar um benefício social temporário, o Auxílio Brasil, de R$ 400 mensais. Isso geraria para o governo um gasto fora do que é permitido pelo teto de aproximadamente R$ 40 bilhões, de acordo com o portal G1. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho, também pediu demissão do posto.

Além do gasto com o Auxílio Brasil, Bolsonaro fez o anúncio do auxílio-diesel, porém, como dito anteriormente, não informou de onde sairá este recurso. Ele afirmou que dará mais detalhes sobre o assunto nos próximos dias.

 

Por Wellington Nascimento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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