sexta-feira, março 29, 2024

Caminhões elétricos – veja 5 fatores que mudam para o motorista

A Volkswagen anunciou uma venda de 1617 unidades de seu e-delivery para a Ambev até 2023. Os caminhões elétricos serão utilizados pela empresa para fazer entregas de bebidas nas regiões urbanas. Mas o que muda para o motorista?

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Imagem: Divulgação

Caminhões elétricos não são novidade, a Iveco, por exemplo, apresentou um protótipo em 2009 desenvolvido em parceria com a Usina de Itaupu. Porém ele nunca entrou em linha de produção. A BYD também já anunciou caminhões elétricos de coleta de lixo, entretanto, eles são importados da China. Esta é a primeira vez que temos caminhões com tecnologia brasileira e que de fato devem entrar em linha de produção.

Leia também: Parte da indústria automotiva faz pressão contra os veículos elétricos no Brasil, dizem fabricantes

 

Volkswagen + Ambev

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O anúncio da parceria entre as duas empresas foi feito durante a Fenatran de 2017, mas os primeiros testes foram concluídos agora. O caminhão usado foi um e-Delivery 11 toneladas 4×2, que rodou 30 dias e percorreu um total de 915 quilômetros, com emissão zero de partículas poluentes. Os testes reproduziram as rotas mais comuns feitas pelos caminhões na entrega e distribuição de bebidas da Cervejaria Ambev na cidade de São Paulo.

Durante o teste, a energia consumida totalizou 950 kWh, evitando que cerca de 200 litros de diesel fossem utilizados e evitando a emissão de 0,7 tonelada de CO2. Para ter uma ideia de comparação, caso essa 0,7 t de carbono estivesse na natureza, seria necessário o plantio de 6 árvores para reverter os danos dessa emissão. Além disso, a energia utilizada para abastecer o e-Delivery veio dos painéis solares instalados em bases da Ambev.

A pedido da empresa de bebidas, a Volkswagen adaptou o caminhão, que agora conta também com uma versão 13 toneladas, 6×2.

 

O 13 toneladas

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O novo e-Delivery de 13 toneladas tem sistema auxiliar de partida em rampa (HSA) e freio com sistema dinâmico de regeneração, capaz de recuperar até 35% da energia durante a frenagem, que será utilizada para recarregar as baterias.
 
Com configuração de baterias íon-lítio níquel-manganês-cobalto (NMC), a autonomia da nova família e-Delivery alcança até 200 km, variando de acordo com a configuração do veículo e perfil da operação. A recarga das baterias pode ser realizada de duas formas: 30% em 15 minutos ou 100% em 3 horas.Segundo a Ambev, para quem faz entregas urbanas, a autonomia de 200km é suficiente para atender suas demandas.

 

Caminhões elétricos e os motoristas

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Ser verde é muito legal e nossos pulmões agradecem, mas e para o motorista, o que muda? Conversamos com o Luciano da Silva Matos, que faz distribuição para a Ambev há 10 anos e dirigiu o caminhão elétrico durante os testes, e ele nos contou o que mudou nesse período.

 

1 – Sem barulho

O motor elétrico não tem explosão no motor, não tem escapamento… então nível de ruído dentro da cabine diminui consideravelmente.

 

2 – Sem vibração

O motor a diesel também vibra ao funcionar, balança, emite calor… nada disso acontece no elétrico, fazendo com que o conforto da cabine aumente.

 

3 – Cansa menos

Barulho e vibração cansam o motorista ao longo do dia. Como o caminhão só tem o balanço do asfalto ruim e o barulho é só o da cidade, Luciano afirma chegar bem mais tranquilo em casa no fim do dia.

 

4 – Sem cheiro de diesel

“Antes, com o anda e para do trânsito da cidade, quando a gente acelerava vinha aquele cheiro de diesel na cabine. Isso agora acabou.” – afirma Luciano. O fim do cheiro de diesel é o que se percebe no curto prazo, mas a melhora da respiração e dos pulmões é algo mais difícil de se perceber, porém, muito importante.

 

5 – Precisa de mais atenção com pedestres

Nem tudo é ponto positivo. Do mesmo jeito que o motorista não escuta mais o barulho do motor, os outros também não, então, segundo Luciano, a atenção tem que ser redobrada. “Geralmente o pedestre não percebe que o caminhão está ligado, acho que eu estou parado. Os carros também, então se eu vou sair, tem que sair com cuidado, porque o carro acha que eu estou parado e sai junto comigo.”

 

Mas é melhor dirigir um caminhão elétrico que um a diesel?

Luciano – “Muito melhor! Espero poder continuar rodando com o elétrico.”

 

Futuro do caminhão elétrico e preços

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A Volkswagen deve entregar 1.617 veículos como esse para a Ambev até 2023, quando então os elétricos serão 35% da frota da empresa. Mas até lá, muitos detalhes precisam ser decididos, entre ele, um bem importante, o preço.

Ramon Alcaraz, presidente da Fatel Logística, responsável pela distribuição da Ambev na região sudeste, afirmou que se o preço do veículo elétrico fosse 3 ou 4 vezes maior que o do convencional, o menor custo de operação pagaria a compra em 5 ou 7 anos. Mas esse custo ainda é muito maior que isso. Claro que ele deve diminuir com a entrada do produto em linha de produção e ficar economicamente viável, mas ainda não se sabe ao certo quanto o e-Delivery deve custar.

Importante lembrar que veículos elétricos ainda não têm incentivos do governo, então pagam IPVA normal, a diferença é que é possível financiá-lo pelo BNDES em até 12 anos e eles também são livres de rodízio. A chegada do Rota 2030 também pode trazer incentivos que melhorem essa conta.

Confira também: Começam os testes em transportadoras com o caminhão elétrico eActros

 

Por Paula Toco

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