Empresários do transporte furam fila da vacina

Segundo o governo, a vacina contra a covid-19 precisa ser distribuída primeiramente para o pessoal da linha de frente da saúde e para pessoas idosas, além disso, apenas o SUS pode comprar e aplicar as doses no momento. Entretanto, não foi isso que foi visto em Minas Gerais, onde empresários do transporte furam a fila da vacina.

Prioridade para caminhoneiros

Além dos grupos prioritários já citados, caminhoneiros e motoristas de ônibus também entrariam como prioridade, contudo, não há previsão de datas para o início da vacinação desses profissionais. O estado de São Paulo anunciou ontem que vai vacinar professores e agentes de segurança. O estado também prometeu vacinar esta semana caminhoneiros que trabalham em hospitais que atendem apenas casos de covid-19. Todos esses profissionais têm prioridade por não poderem trabalhar de casa e terem alto grau de contato com outras pessoas.

Contrariando essa lógica e também a legislação, um grupo de empresários do transporte furou a fila da vacina e comprou, ainda não se sabe como, um lote de vacinas para se imunizar e também a alguns parentes.

A prática vai contra a legislação. Como hoje existem 77,2 milhões de pessoas no grupo de risco, nenhuma vacinação pode ocorrer fora desse grupo enquanto ele não estiver todo imunizado. Entretanto, até agora, apenas 15 milhões de pessoas foram vacinadas. A legislação garante que, caso empresários queiram comprar a vacina de forma independente, as doses devem ser doadas ao SUS até que todo o grupo de risco esteja vacinado. Depois disso, quem quiser comprar de forma independente precisará doar igual quantidade ao SUS. Ou seja, se comprar 2, terá que doar outras 2 ao sistema de saúde.

Quem teria furado a fila

Segundo reportagem da revista Piauí (leia clicando aqui), cerca de 30 pessoas tomaram a 1ª dose da vacina da Pfizer em Belo Horizonte (MG) e teriam a segunda dose agendada para daqui 30 dias, ao custo de R$ 600 por pessoa. Esse grupo seleto incluiria os donos da viação Saritur, Rômulo e Robson Lessa e o ex-senador e ex-presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) Clésio Andrade.

Clésio, inclusive, confirmou à revista Piauí a vacinação, “Estou com 69 anos. Minha vacinação seria na semana que vem [a oficial, pelo SUS]. Eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado. Foi gratuito pra mim”.

A vacinação teria sido feita em um posto improvisado na garagem de uma das empresas dos irmãos Lessa. E, embora o grupo seja do ramo de transportes, não há notícia de vacinação de nenhum motorista.

Investigações

A revelação do que agora está sendo chamado de “camarote clandestino da vacinação” gerou indignação em diversos grupos. O deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP), afirmou ao UOL que dificilmente uma empresa como a Pfizer tenha vendido as doses a qualquer um, por isso, é necessário investigar quem importou, se houve autorização da Anvisa, quem autorizou, quem aplicou e tantos outros questionamentos. Por isso, segundo o deputado, ele pediu ao Ministério Público o confisco das demais doses até que tudo seja investigado.

A Polícia Federal também já abriu inquérito para apurar as denúncias.

Por Paula Toco

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