Recorde de caminhões e falta de semicondutores marcam primeiro semestre da indústria automobilística

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou o balanço do primeiro semestre de 2021 da indústria automobilística. Os números foram abaixo do esperado pela indústria, muito em função da falta de semicondutores que afetou a produção em todo o mundo. Porém, o setor de caminhões bateu recorde no primeiro semestre e apresentou seu melhor resultado desde 2013.

Caminhões em rodovia de São Paulo

Setor de caminhões é impulsionado pelo agronegócio

Enquanto números de outros setores da indústria automobilística apresentaram queda em comparação ao primeiro semestre do ano com o mesmo período em 2019, ano pré-pandemia, o setor de caminhões continua em alta e batendo recorde. Os resultados positivos são impulsionados pelo agronegócio e pelo e-commerce (comércio eletrônico).

Segundo dados divulgados pela Anfavea, junho teve 11.400 unidades de caminhões emplacadas, melhor resultado do mês de junho desde 2013. 

Em relação à produção de caminhões, foram 14.600 unidades fabricadas em junho. Em todo o semestre, foram 74,7 mil unidades produzidas, melhor marca para o período desde 2014.

Produção de caminhões e ônibus em junho de 2021
Produção de caminhões e ônibus em junho de 2021 – Fonte: Anfavea

O gráfico acima mostra que o setor de caminhões bateu recorde em todos os seus números, seja somente no mês de junho ou no primeiro semestre. Em junho, produziu mais do que no mês anterior, apresentando um crescimento de 5,3%. No acumulado do primeiro semestre, as 74,7 mil unidades produzidas em 2021 são mais que o dobro das fabricadas em 2020 e superiores aos anos pré-pandemia, como 2019 e 2018.

A melhora do setor fica mais evidente quando se compara com o setor de autoveículos como um todo. Em junho, houve uma queda de 13,4% na produção de carros e motos em relação a maio deste ano. No acumulado do semestre, as 1.148 unidades produzidas não foram maiores do que no mesmo período em anos anteriores à pandemia.

Em relação aos licenciamentos, o segmento de caminhões apresentou seu melhor resultado desde 2015, com 59 mil unidades certificadas. Destaque para o segmento de pesados, que desde 2016 vem superando os caminhões leves. Este ano, os pesados atingiram 52% dos licenciamentos, contra apenas 15% dos leves.

Ônibus apresentam melhora, mas números são abaixo de anos pré-pandemia

O setor de ônibus vem sendo um dos mais afetados pela pandemia de covid-19. O setor vem apresentando números superiores a 2020, mas não consegue atingir as marcas de anos pré-pandemia. Entretanto, espera-se uma melhora no mercado com o decorrer da vacinação em todo o país.

Ônibus escolar

No mês de junho, foram 1.600 unidades produzidas, um crescimento de 17,1% em relação a junho de 2020. No acumulado do semestre, foram 10.300 unidades fabricadas, número 15% maior no mesmo período de 2020, mas inferior aos anos pré-pandemia. De janeiro até junho de 2019, foram 14.100 unidades produzidas e em 2018, 15 mil unidades.

Nos licenciamentos, houve melhora nos ônibus de fretamento, com 12% de alta em relação ao mesmo período de 2020, e no programa ‘Caminho da Escola’, com aumento de 26% da frota. 

Crise global de semicondutores afetou a indústria automobilística

Semicondutores são materiais usados em todos os componentes eletrônicos que equipam os veículos. Em função da pandemia e do fechamento temporário de diversas fábricas desse componente na Ásia, há uma falta mundial do produto, o que afeta a produção de veículos no Brasil.

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, falou sobre a crise global de semicondutores: “Estimamos que a falta de semicondutores tenha impedido que algo entre 100 e 120 mil veículos fossem produzidos no primeiro semestre. Esse problema afeta todos os países produtores e tem impedido a plena retomada do setor automotivo”, comentou.

Em junho, a produção de 166.947 unidades foi a pior dos últimos 12 meses, em função das várias paradas de fábricas de automóveis ao longo do mês – situação que vem acontecendo desde o final do primeiro trimestre.

De acordo com Moraes, esses materiais vão continuar faltando no segundo semestre do ano e até mesmo no primeiro semestre de 2022.

Projeções para 2021

Com a performance negativa dos automóveis e o desempenho surpreendente do segmento de caminhões, a Anfavea atualizou as projeções que havia apresentado em janeiro, referentes ao fechamento de 2021.

A projeção para o aumento da produção de caminhões e ônibus subiu de 23% pra 42%, indo na contramão de automóveis e comerciais leves que caiu de 25% para 21%. Em relação à produção total, as 2.520 mil unidades estimadas no início do ano caíram para 2.463 mil, número que ainda é 22% maior que o realizado ano passado.

Já para as vendas internas, a expectativa agora é de 2,320 milhões de licenciamentos, ante os 2,367 milhões previstos em janeiro.

Para as exportações, há uma esperada alta de 20% sobre 2020, com 389 mil na expectativa do ano. Em janeiro, a projeção era de 353 mil unidades.

 

Por Wellington Nascimento com informações de Anfavea

 

 

 

 

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