Viaduto sem sinalização causa morte de caminhoneiro e ajudante

Na noite da última quinta-feira, 8, um caminhão bateu contra uma viga de concreto de um viaduto sem sinalização no Rio de Janeiro, matando duas pessoas.

O incidente ocorreu na rua Cajurana, na altura da Av. Brasil, no bairro Coelho Neto, quando a carga ficou presa, de acordo com o Centro de Operações da Prefeitura (COR).

Viaduto sem sinalizacao
Imagem: Twitter/Reprodução

Olhando superficialmente, essa é mais uma trágica notícia de um caminhão que se envolve em um acidente fatal. Quem lê apenas o título das manchetes sobre o ocorrido pode até ter a impressão de que houve imprudência por parte do caminhoneiro. Mas um olhar mais profundo muda a história. Continue lendo e entenda.

Título da notícia sobre o acidente na Folha de S. Paulo

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As vítimas

Uma informação que não foi destaque nas manchetes sobre o acidente é que as duas vitimas eram os dois ocupantes do caminhão: motorista e ajudante. O que também é pouco divulgado é que a profissão de caminhoneiro é a que mais mata no Brasil.

O que diz a prefeitura

Procurada pelo Jornal Extra, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação (SMIH) afirmou que o caminhão estava acima da altura permitida.

Já sobre a altura do viaduto, a prefeitura deu alturas diferentes. Durante a madrugada, o órgão divulgou em resposta à imprensa que a altura mínima para obras previsto pela norma padrão urbana era de 5,8 metros em vias expressas (como a Avenida Brasil) e de 4,8 metros em vias arteriais (como a Rua Cajurana, onde ocorreu o acidente).

No começo desta manhã, em uma nova nota, a prefeitura mudou as medidas informadas. Nesse segundo texto, consta altura máxima de 5,5 metros para vias expressas e 4,5 metros para vias arteriais.

Ainda de acordo com o órgão, o viaduto tem 4,52 metros de altura em uma ponta e 4,55 metros em outra ponta. Por ser um alargamento do viaduto, a viga atingida teria a mesma altura do elevado.

Ainda assim, ambas as alturas divulgadas estão acima da altura permitida para caminhões por lei, que devem medir até 4,4 metros. Um caminhão que carrega contêiner dificilmente ultrapassa essas medidas.

Em ambas as notas enviadas para a imprensa, a secretaria informou que o caminhão estava acima da altura prevista para via. Porém, o órgão não soube informar a altura do caminhão e afirmou que essa informação seria de responsabilidade da perícia.

Falta de sinalização

Relembre: Falhas na sinalização de rodovias causam acidentes fatais; Dnit é responsabilizado

Por outro lado, o Extra apurou que a altura do caminhão que bateu na ponte era de 4,3 metros, dentro do permitido por lei para o transporte de contêiner e dentro da altura máxima reportada pela prefeitura.

Moradores da região relatam que vigas novas foram colocadas na última terça-feira, 6. Eles afirmam que não havia placas de sinalização com a nova altura e que as novas estruturas eram mais baixas que as originais do viaduto.

As vigas foram colocadas como parte das obras do BRT Transbrasil, que ainda não se pronunciou sobre o caso.

Segundo o Extra, as novas vigas estão, inclusive, em um nível abaixo da fiação elétrica, que está há poucos metros do local do acidente.

Reputação do estradeiro

Acidentes noticiados desta forma são rotina na grande imprensa. São muitos os casos em que o caminhoneiro é retratado como o culpado pelo acidente, como um profissional imprudente, o que perpetua esteriótipos sobre a categoria.

Ao pesquisar a palavra “caminhão” na internet, você vai perceber que a maioria dos resultados envolverão algum tipo de acidente, fatal ou não. Diariamente, muitos caminhões se envolvem em acidentes que, pela dimensão dos veículos de carga, são em sua maioria acidentes graves. Mas isso quer dizer que o motorista é sempre o culpado? Não.

Tanto os outros motoristas, quanto as condições da via e da sinalização são fundamentais para a segurança no trânsito. Em outras palavras: não adianta só o motorista fazer sua parte. Se a rua, avenida ou estrada não estiver em boas condições e devidamente sinalizada, apenas obedecer a legislação não é o suficiente.

Resta a questão: quem será responsabilizado pela morte de mais um caminhoneiro?

 

Ouça o podcast sobre a notícia:

 

 

Por Pietra Alcântara

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